sábado, 21 de fevereiro de 2009

O TRADICIONAL NOS VERSOS DE JOSÉ DE MESQUITA




Acadêmica do VII Semestre de Letras da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), pesquisadora pertencente ao grupo de pesquisa Estudos da Literatura de Mato Grosso e ao Núcleo de Pesquisa Wlademir Dias-Pino pela mesma instituição, sob orientação do Prof. Dr. Dante Gatto.

José Barnabé de Mesquita nasceu em Cuiabá aos 10 de março de 1892 e faleceu na mesma cidade aos 22 de julho de 1961. Foi Poeta, Jornalista, historiador, romancista, cronista e contista. Dentre os escritores mato-grossenses, depois de Dom Aquino, foi o que obteve maior reconhecimento.
Os sonetos de José de Mesquita são compostos de três fortes temáticas: religiosidade, regionalismo e romantismo, na mais bela estética parnasiana, alexandrinos rimados.
Segundo Hilda Gomes Dutra Magalhães, José de Mesquita é um poeta-filósofo, preocupado em compreender o cotidiano e pregar a elevação do espírito. Constata-se tal afirmação nas obras Roteiro da felicidade e Escada de Jacó cujos versos são carregados de emoção e apelo ao divino. Falar sobre o bem viver e a fé é a forte expressão nestas obras:

O sofrimento é para nós na vida,
a grande escola, o eterno ensinamento,
e não sabe viver quem, de alma erguida,
não aprendeu a amar o sofrimento.

Já as obras Da Epopéia Mato-grossense e Terra do Berço apresentam versos que exaltam o regional, porém o escritor se limitava a mostrar paisagens e costumes regionais diferentemente do proposto pelos regionalistas de 1930 que visavam denunciar a miséria e injustiça social a que estavam submetidas às regiões mais distantes dos centros econômico e de poder. Mesquita propunha demonstrar as particularidades, as belezas de nossa terra, bem como homenagear os homens que aqui fundaram e construíram uma história:

surgir desse teu seio apojado e fecundo,
com que se há de nutrir a humanidade inteira
− Terra da Promissão e celleiro do mundo!.

Quanto aos sonetos românticos, produzidos em menor quantidade, mas com a mesma qualidade, cito versos do soneto “neve e fogo”:

A neve é menos alva que teu seio,
tem mais ouro que o sol os teus cabelos.
Por isso fico deslumbrado ao vê-los,
de frios tremo e em flamas me incendeio.

Sonetos que apresentam versos vibrantes e apaixonados como estes não foram publicados como os demais em obras específicas. Versos de amor mais de modo mais contidos podem ser lidos na obra “Poesias”.
Além da poesia de Mesquita, é de extrema relevância que se conheça suas demais obras por se tratar de escritos de qualidade estética e que propiciaram a nossa literatura uma identidade.
A literatura mato-grossense não pode continuar desconhecida dos próprios mato-grossenses. Devem-se ler sim nossos contemporâneos, mas é de extrema necessidade conhecermos nosso passado, nossa expressão cultural e ideológica manifestadas por diversos escritores, entre estes José de Mesquita.
As produções do escritor podem ser lidas na biblioteca virtual do mesmo: http://www.jmesquita.brtdata.com.br/bvjmesquita.htm. Além disso, o Núcleo de pesquisa Estudos da Literatura de Mato Grosso Wlademir Dias-Pino lançou a COLEÇÃO OBRAS RARAS, constituída de sete volumes, sendo o quarto volume o romance Piedade de José de Mesquita.


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