terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
INFORMAÇÃO
sábado, 21 de fevereiro de 2009
Por Rejane Tach
Anjos...
... de pernas muito estiradassonolência e imensidão nas entranhas
um copo vazio num padecimento de noite
Nas curvas do corpo rasgos vermelhos
choro interno silencioso
o grito que não sai...
a luz amarela dos postes ilude o céu
e
no cérebro um vago com dor
na brancura da boca uma sede
lateja
uma ária triste dorme na rua...
O TRADICIONAL NOS VERSOS DE JOSÉ DE MESQUITA
José Barnabé de Mesquita nasceu em Cuiabá aos 10 de março de 1892 e faleceu na mesma cidade aos 22 de julho de 1961. Foi Poeta, Jornalista, historiador, romancista, cronista e contista. Dentre os escritores mato-grossenses, depois de Dom Aquino, foi o que obteve maior reconhecimento.
Os sonetos de José de Mesquita são compostos de três fortes temáticas: religiosidade, regionalismo e romantismo, na mais bela estética parnasiana, alexandrinos rimados.
Segundo Hilda Gomes Dutra Magalhães, José de Mesquita é um poeta-filósofo, preocupado em compreender o cotidiano e pregar a elevação do espírito. Constata-se tal afirmação nas obras Roteiro da felicidade e Escada de Jacó cujos versos são carregados de emoção e apelo ao divino. Falar sobre o bem viver e a fé é a forte expressão nestas obras:
O sofrimento é para nós na vida,
a grande escola, o eterno ensinamento,
e não sabe viver quem, de alma erguida,
não aprendeu a amar o sofrimento.
Já as obras Da Epopéia Mato-grossense e Terra do Berço apresentam versos que exaltam o regional, porém o escritor se limitava a mostrar paisagens e costumes regionais diferentemente do proposto pelos regionalistas de 1930 que visavam denunciar a miséria e injustiça social a que estavam submetidas às regiões mais distantes dos centros econômico e de poder. Mesquita propunha demonstrar as particularidades, as belezas de nossa terra, bem como homenagear os homens que aqui fundaram e construíram uma história:
surgir desse teu seio apojado e fecundo,
com que se há de nutrir a humanidade inteira
− Terra da Promissão e celleiro do mundo!.
Quanto aos sonetos românticos, produzidos em menor quantidade, mas com a mesma qualidade, cito versos do soneto “neve e fogo”:
A neve é menos alva que teu seio,
tem mais ouro que o sol os teus cabelos.
Por isso fico deslumbrado ao vê-los,
de frios tremo e em flamas me incendeio.
Sonetos que apresentam versos vibrantes e apaixonados como estes não foram publicados como os demais em obras específicas. Versos de amor mais de modo mais contidos podem ser lidos na obra “Poesias”.
Além da poesia de Mesquita, é de extrema relevância que se conheça suas demais obras por se tratar de escritos de qualidade estética e que propiciaram a nossa literatura uma identidade.
A literatura mato-grossense não pode continuar desconhecida dos próprios mato-grossenses. Devem-se ler sim nossos contemporâneos, mas é de extrema necessidade conhecermos nosso passado, nossa expressão cultural e ideológica manifestadas por diversos escritores, entre estes José de Mesquita.
As produções do escritor podem ser lidas na biblioteca virtual do mesmo: http://www.jmesquita.brtdata.com.br/bvjmesquita.htm. Além disso, o Núcleo de pesquisa Estudos da Literatura de Mato Grosso Wlademir Dias-Pino lançou a COLEÇÃO OBRAS RARAS, constituída de sete volumes, sendo o quarto volume o romance Piedade de José de Mesquita.
Por Lucas Alcides Justino
Sobre Literatura
Caros leitores, segue abaixo mais um link este para o Blog Poetas de Mato Grosso.
http://poetasdematogrosso.blogspot.com
blog estupendo...
Uma boa notícia: Novo Blog sobre Literatura este a respeito do núcleo de pesquisa Wlademir Dias-Pino. Vale a pena conferir!
http://nucleodepesquisa.blog.terra.com.br/Blogs relacionados
Tudo começou assim; a Kari queria ter um blog de Literatura Mato-grossense, e fez o tal blog. Mandou e-mails pra Zeus e o mundo… O professor Dante Gatto sentiu uma invejinha boa ( segundo ele mesmo) e fez um blog parecido. Ah… eu embalei na mesma inveja e criei um também…E vamos de INVEJA BOA!
Vale a pena confererir!
Blog “Filosofear”
Mais um blog bacana para quem gosta de poesias este de Celso S. Junior. Abraços e confiram!
http://filosofear.blogspot.com/
Alguns Versos
raso e vazio
em seu ninho de sangue calvo
( calvo como a bala de fuzil )
sangue que é um escudo
assim tombado
A namorada (Manoel de Barros)
Havia um muro alto entre nossas casas.
Difícil de mandar recado para ela.
Não havia e-mail.
O pai era uma onça.
A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por
um cordão
E pinchava a pedra no quintal da casa dela.
Se a namorada respondesse pela mesma pedra
Era uma glória!
Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira
E então era agonia.
No tempo do onça era assim.
Grifos...
Por Rubens de Mendonça
FELICIDADE
Julguei, acaso, ser felicidade
A grandeza, o poder, a fama, a glória,
Nome aureolado ao Panteão da História
A vã e inútil imortalidade!…
Vi que o poder é uma ilusão inglória…
A riqueza é a força da vontade.
Nome imortal - apenas é vaidade…
A fama neste mundo é transitória!…
Felicidade é coisa diferente,
É uma casinha branca onde a gente
Possa alegre viver com o seu amor!
Felicidade é a mulher querida,
Um filhinho a sorrir - a própria vida,
Vivida no seu cândido esplendor.
Reflexo
Duas pedras que dissolvem
a passos lentos…
e o tom escuro semelhante ao sangue já frio
esvairá
fracos sentidos, sem nexo.
Compartilho do reflexo quase oculto
da minha face,
palída como as pedras que dissolveram
em passos lentos e frios
sem que eu notasse que algo morrera em mim.
Karina Aparecida Justino
A Poesia é um Mundo
Carlos Gomes de Carvalho (1948), poeta, cronista, contista e historiador; membro da Academia Mato-grossense de Letras. Autor entre outras de “Arquitetura do Homem”.
Transpondo o rio
que rasga a selva de minha alma
e vigilante como o arco íris
aspirando o fulgor das estrelas
demolido
entre a manhã e o pôr-do-sol
conspiro:
…um mundo
em invenção…
Estações
Quando abriu a porta, o ruído se desfez em música…
harpas, avenas, violinos…
Tomou o café que esfriava e
ocupou a poltrona sempre vazia.
Um sol de verão se fez em pleno agosto.
Quando fechou a porta, o ruído ecoou absoluto
como um violino sem cordas
que se derruba acidentalmente ao passar.
Experimento o café frio,
sentado ao lado da poltrona vazia,
diante da porta que se fechou.
Um vento frio varre as folhas mortas em plena primavera.
Dante Gatto
Nada
percebi que as imagens podem ser sons
e que páginas e páginas de histórias
pode ser uma poesia
minha volta é nada
e a cidade cresce,
os pássaros e as flores cantam
e a neve reclama do calor de hoje
e nada tem nexo
sou eu, e nada e versos e sei lá o que
é o simples ato de sem ter porque
algo dizer…
Karina Aparecida Justino
Pedaços
Nada é mais forte que a dor do amor
e o medo são retalhos
que não quero mais recolher.
Em pedaços sou inteira amor…
Karina Justino